1. |
nuvens de verão
01:55
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não há nada a se fazer
das nuvens e festivais
de verão que passam na tv
e da chuva a cancelar
compromissos e deitar
quando cai do céu
vocês
não sei
quem são
não há nada a se fazer
na cidadela que cresce mais
com jornaleiros e frutas sazonais
perdeu-se o tempo, o tom e o pé
e o meu lamento eu nem sei qual é
o sol se põe num copo de café
vocês
eu sei
quem são
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2. |
dente de leite
02:56
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o vidro opaco apaga mais
das paisagens abissais
que a neblina clareou
os rostos perdidos nas caixas de leite
a noite roxa que nunca sai
a forte certeza que se é transparente
um dente de leite que nunca cai
e ela vê tudo que já foi
e tudo que nunca vai voltar
e ela vê tudo que voltou
e tudo que nunca será
seus velhos amigos de claustrofobia
agora moram em outro lugar
fechou as portas que outros abriam
agora morre ao tentar mudar
com tantas respostas
e tão poucas perguntas
já não sabe
se é bom perguntar
está ficando velha
não conta as horas
então devia se preocupar?
e ela vê tudo que já foi
e tudo que nunca vai voltar
e ela vê tudo que voltou
e tudo que nunca verá
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3. |
cebolas roxas
02:24
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navegando num mar de asfalto
eu vejo carros que cantam alto
odeio tudo nessa cidade
mas é normal nessa minha idade
tropeço seco e caio duro
me quebra um dente de vidro puro
mas não há nada mais natural
sair de casa me deixa mal
as cores frias das costas nulas
me contam crises que não foram suas
eu sei que isso é exagerar
mas sempre morro quando vou ao mar
corto feito cebolas roxas
me tecem lagrimas rasgando colchas
não há mais tempo para sangrar
venho correndo pra te esperar
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4. |
sabão em pó
03:42
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a terra do sabão em pó
e sua língua a dizer
palavras tristes que não vi
vomitam álcool ao comer
esquinas tortas e caqui
ou frutas novas por saber
que nada vale realmente
o preço que se paga
não vão embora
mas não fiquem aqui
onde você mora
não é normal ser assim?
empurra o vento ao deitar
em um sofá que nunca viu
espera o vento revidar
pra acordar no meio-fio
e não se mexe ao voar
o seu pulmão já se cansou
teme sair de seu lugar
não vão embora
mas não fiquem aqui
onde você mora
não é normal ser assim?
você cheirava a leite morno
e ansiedade
e hoje brada desespero
e sobriedade
não vão embora
mas não fiquem aqui
onde você mora
não é normal ser assim?
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5. |
contramão
05:03
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quatro mil fotografias superimpostas
de você andando pro mesmo lugar
todos os dias
de sua vida
você dá passos
sem nunca chegar
parece cheia
a avenida
mas é você que insiste em andar
no sentido contrário
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